EXT. SERTÃO DO PERNAMBUCO – DIA
Um garoto, conhecido por Zé, de aparência triste, magro e barrigudinho, aspectos que caracterizam a população do sertão nordestino, encontra-se sentado em meio ao forte sol do meio-dia à beira da estrada deserta. Pensativo, nota-se em devaneios.
À cavalo, um homem gordo aparentemente perdido que continha um ar finório em seus modos, aproxima-se do garoto.
HOMEM -- Você ai, menino, para onde vai essa estrada?
ZÉ -- Ela não vai não: nós é que vamos nela.
HOMEM -- Engraçadinho duma figa! Como você se chama?
ZÉ -- Eu não me chamo não, os outros é que me chamam de Zé.
HOMEM -- Ora ora, então o garoto se acha muito espertinho não é?!
ZÉ -- Eu não me acho não, os outros quem me acham.
HOMEM -- Está certo, entendi. Em troca de alguns cruzados, responderia com seriedade à minha primeira pergunta?
O garoto assentiu com a cabeça estendendo as mãos que receberam algumas moedas.
HOMEM -- E então, para onde vai essa estrada?
ZÉ -- Depende...
Contando as moedas recebidas o garoto então, conclui.
ZÉ -- Se sua dúvida vale tão pouco, creio que a primeira resposta basta.
Irritado, o homem volta a trotar com seu cavalo levantando poeira até que só possa ser vista sua imagem turva pelo calor desértico do sertão.
